A ingestão da quantidade correta de água é fundamental para o bom funcionamento do organismo. Nosso corpo não tem reserva de água, por isso precisamos bebê-la constantemente para garantir que os órgãos cumpram suas funções.
Nós perdemos água pela urina, respiração e suor, então quando a ingerimos estamos só compensando o que é utilizado pelo organismo. É muito importante compreender quais são os sinais de desidratação – que vão desde mudanças na pele e cabelos até problemas no coração – para resolver o problema o quanto antes.
Aprenda a identificar sinais de desidratação
O médico Paulo Roberto da Silva respondeu algumas dúvidas sobre desidratação e qual o impacto dela para a saúde. Confira a entrevista a seguir.
O que é a desidratação?
Dr. Paulo: A desidratação é uma condição na qual você consegue perceber alguns sinais de mau funcionamento dos órgãos devido à falta de água.
Mas ela tem níveis: numa desidratação leve, haverá características como olhos secos, mucosas pouco úmidas e diminuição do turgor da pele, que é a capacidade da pele de voltar ao normal depois de ser comprimida e liberada. Esses sinais de desidratação vão aumentando conforme aumenta o grau do problema, que pode até levar à falência dos órgãos pela falta de água.
Quais as funções da água no corpo?
Dr. Paulo: A água corresponde a aproximadamente 60% do corpo humano, variando conforme a idade – recém-nascidos têm mais água no corpo do que idosos, por exemplo. A água é vital para os processos químicos do corpo humano, os quais só acontecem na água.
Ela é constituinte de todos os órgãos, mas especialmente necessária no sangue, representando a maior parte de sua formação, no cérebro, que é formado e envolto por uma camada de água, e principalmente para os rins, para filtração e eliminação de toxinas do corpo.
Onde ela pode ser encontrada?
Dr. Paulo: Além de estar presente no sangue, a água pode ser encontrada no sistema nervoso central, tanto entre as células quanto no líquor, que é um líquido que envolve todo o sistema, cérebro e medula, com função de proteção mecânica a impactos, e na sinóvia, em forma de líquido sinovial, que fica em várias articulações para que ossos não se encontrem e sejam protegidos de choques.
A água envolve ainda alguns órgãos, numa lâmina pequena, como os pulmões e as vísceras, e é encontrada na pele. Faz parte também de outras secreções do corpo, como o esperma, a saliva e todos os líquidos responsáveis pela digestão no trato gastrointestinal, como o suco pancreático e o suco gástrico.
Por fim, constitui a lágrima, que mantém a córnea hidratada e alimentada – uma vez que é a lágrima que leva o açúcar até ela – e o suor, que tem sua função no equilíbrio térmico do corpo.
Quais problemas a falta de água traz ao corpo?
Dr. Paulo: Antes mesmo de ter sinais de desidratação, você pode perceber que a falta de água pode deixar a pele e os cabelos mais secos. Alguns estudos mais recentes mostram que uma ingestão baixa de água tem relação também com mudanças no humor e na atenção e aumento da sonolência e da fadiga.
O que leva à desidratação?
Dr. Paulo: Naturalmente temos sede, então a necessidade de água vai sendo sinalizada pelo corpo para que a gente compense. Sendo assim, a desidratação não é algo natural, mas algo patológico.
Ela pode ocorrer quando há baixa ingestão de água – por exemplo, se você estiver há muito tempo num lugar que não tenha água, ou no caso de crianças pequenas, idosos e deficientes, que podem não conseguir pedir água e seus cuidadores a oferecem com pouca frequência – e na presença de alguma doença que faça com que a pessoa elimine mais água, como as que causam vômitos excessivos e diarreia. Lesões na pele e feridas também fazem com que ocorra perda de líquidos.
E quais os problemas ocasionados pela desidratação?
Dr. Paulo: Inicialmente, ocorrerá uma diminuição dos líquidos compostos por água que não se encontram no sangue, como: das lágrimas, que levarão a olhos mais secos; da saliva, que deixará as mucosas mais secas; do líquido subcutâneo, diminuindo o turgor da pele. Níveis mais avançados de desidratação vão levar à falência de órgãos como:
Rins: chamamos de insuficiência pré-renal quando o rim não consegue mais fazer sua função de eliminar as toxinas do corpo porque não tem sangue suficiente passando por ele. Assim, essas toxinas vão se acumulando no sangue.
Fígado: é o responsável pela metabolização de toxinas, para que elas fiquem menos tóxicas. Como isso também depende da água, na carência dela haverá diminuição da capacidade do fígado de reduzir o número de substâncias tóxicas dentro do corpo.
Coração: nós precisamos de uma pressão suficiente de sangue para que o coração funcione da melhor maneira. Uma redução do volume sanguíneo levará ao batimento menos eficiente do coração, que terá que fazer um esforço maior para eliminar aquela quantidade de líquido.
Cérebro: no cérebro, que é um órgãos mais importantes do nosso corpo, poderá ocorrer uma diminuição do líquido interno, que irá escapar para o sangue. Dependendo da velocidade em que isso acontecer, poderá levar a quadros de convulsão e desmaios. A redução mesmo que gradual de líquido no cérebro irá resultar na diminuição de todas as funções cerebrais, como a manutenção da consciência.
Sistema imunológico: haverá redução das reações químicas, fazendo com que a capacidade do sistema imunológico de defender o corpo seja menor.
Quais os sinais de desidratação?
Dr. Paulo: Existem alguns sintomas como olho fundo, falta de lágrimas e de saliva, taquicardia, irritabilidade, falta de energia e de força, confusão mental e muita sede. Níveis mais graves de desidratação podem levar à morte.
Como reverter esses quadros?
Dr. Paulo: Em primeiro lugar, um médico deverá ser consultado para verificar qual o grau de desidratação e quais serão as melhores medidas.
O tratamento dependerá do nível de desidratação. Em casos leves, só beber mais água é o suficiente. Já se houver alguma doença, é necessário fazer o tratamento específico para curá-la, quando existir.
Em graus mais elevados, poderá ser preciso utilizar sais de reposição oral – que são formulações com maiores quantidades de açúcar – e sais que aumentarão a absorção de água no intestino, juntamente com o aumento da ingestão de água livre. Também poderá ser necessário utilizar soro intravenoso.
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