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Fonte de Inspiração: conheça a história da Casa da Criança

Atualizado: 22 de nov. de 2021

Uma história de muito trabalho e dedicação que começou em março de 1988 e que ajuda a explicar a mudança positiva pela qual passou a comunidade que mora no Morro da Penitenciária, em Florianópolis. A Casa da Criança surgiu por iniciativa da Paróquia da Santíssima Trindade para atender aos anseios das pessoas que começaram a morar no morro próximo da Penitenciária da Agronômica.

O vice-presidente da Casa da Criança, Gilson Rogério Morais, lembra que muitas das pessoas da comunidade vieram para a Capital para acompanhar parentes que estavam detidos na penitenciária. Aos poucos a comunidade foi crescendo e se diversificando. Como várias famílias tinham crianças, surgiu a necessidade de criar um espaço que pudesse ser seguro para elas ficarem no período do contraturno – ou seja, quando elas não estivessem na escola.

Foi assim que a comunidade, junto com a Paróquia da Santíssima Trindade, conseguiu uma área da Cohab/SC (Companhia de Habitação do Estado de Santa Catarina) no morro para construir, em sistema de mutirão, a primeira sede da Casa da Criança. A administração do local, feita inicialmente pela paróquia, depois foi assumida por pessoas da comunidade.

Quando a Casa da Criança passou por dificuldades financeiras, a comunidade pediu ajuda para a paróquia. E foi assim que Morais, envolvido com trabalhos voluntários desde os anos 1970, passou a integrar o grupo que formaria a primeira diretoria da entidade em 2001.

“A partir daí conseguimos dar uma conotação mais profissional para a Casa da Criança. Colocamos mais profissionais da área para trabalhar, como assistente social, orientador pedagógico, entre outros”, comenta o vice-presidente da entidade.

Gestão profissional e dedicada

Em 2001, quando foi criada a primeira diretoria da instituição (com presidente, vice-presidente, 1º secretário, 1º e 2º tesoureiros e coordenador geral), a Casa da Criança atendia a 30 filhos de moradores da comunidade.

“Essa era uma preocupação nossa bastante grande porque o convênio com a prefeitura, na época, era para o atendimento de 90 crianças. Mas em questão de dois meses nós já tínhamos 90 crianças”, conta Morais.

O vice-presidente da entidade, junto com a esposa Lourdes e as demais pessoas da diretoria, têm dedicação exclusiva para a Casa da Criança. Esse trabalho cuidadoso e atento aos detalhes faz toda a diferença para a entidade que, atualmente, atende 115 crianças e jovens entre seis e 16 anos de idade do Morro da Penitenciária e dos arredores em jornada ampliada de educação integral.

Na Casa da Criança, as crianças e adolescentes têm acesso a oficinas de música, de canto, de dança, de informática, de esportes e recreação, diversidade e sustentabilidade, psicomotricidade relacional, apoio pedagógico, atendimento odontológico semanal realizado por uma voluntária e acesso a uma infraestrutura que foi sendo ampliada aos poucos.

Com a ajuda de doações de empresários e de outras pessoas da comunidade e com repasses públicos da Prefeitura de Florianópolis, a Casa da Criança foi, pouco a pouco, melhorando a própria infraestrutura. A primeira grande obra de ampliação foi feita em 2004, quando a instituição conseguiu uma doação de itens apreendidos pela Receita Federal. A diretoria buscou os itens em Foz do Iguaçu (PR) e, em Florianópolis, conseguiu arrecadar R$ 280 mil com a venda das mercadorias.

Com este recurso a instituição construiu um prédio com dois pavimentos e 600m² e ainda pagou, por um bom período, as despesas com água, luz e telefone. O convênio que a Casa da Criança tem com a Prefeitura garante a manutenção dos professores, que são chamados de oficineiros, e da equipe da cozinha – durante o dia são oferecidas seis refeições, três para cada período (café da manhã, lanche das 10h, almoço para os dois turnos de estudantes e lanches das 15h e das 17h).

Desde o início as refeições servidas na Casa da Criança são equilibradas e acompanhadas por um nutricionista. Antes, quem fazia esse serviço era o projeto Mesa Brasil. Agora, um profissional da Prefeitura acompanha todas as organizações da sociedade civil da cidade.

Em constante evolução

Além das doações e parcerias com empresas, a Casa da Criança promoveu ações que visavam conseguir recursos, como jantar dançante, bingo, brechó e bazar. O resultado destas iniciativas foi que, aos poucos, o local construiu uma biblioteca, uma brinquedoteca, uma sala de informática, um salão para reuniões que está aberto à comunidade e uma área de esportes.

“Desenvolvemos nestes espaços atividades lúdicas e educacionais. Também conseguimos, com apoio da comunidade, melhorar bastante as salas de aula e remodelar todo o refeitório”, orgulha-se Morais.

Além de aumentar o atendimento da Casa da Criança, a nova diretoria, composta de voluntários, profissionalizou a gestão e o atendimento da entidade. Posteriormente, foram criados o Conselho Fiscal e o Conselho Consultivo.

“Estruturamos o estatuto e todo o nosso trabalho dentro do que o novo Código Civil prevê. Atualmente, estamos fazendo pequenos ajustes no estatuto para cumprirmos o marco regulatório previsto pelo governo federal para as entidades sociais”, salienta.

O trabalho exemplar desenvolvido no local foi premiado em 2009 com o Prêmio Itaú-Unicef regional e, dois anos depois, com o Prêmio Itaú-Unicef nacional de médio porte.

“Fomos reconhecidos pelo trabalho diferenciado que vai além daquilo que se espera de uma organização não governamental. Nós sempre produzimos um pouco mais. Além de cumprirmos as metas estabelecidas pelo prêmio, com todo o complexo que desenvolvemos aqui para uso das crianças e da comunidade, o prêmio também avaliou a participação da nossa instituição na comunidade”, explicou.

Neste sentido, o prêmio nacional reconheceu, por exemplo, o relacionamento construtivo e propositivo que a Casa da Criança tem com os conselhos do Direito à Criança e da Assistência Social, com as secretarias da Prefeitura e com outras entidades. “Trabalhamos em rede, cada um contribuindo com um pouquinho”, ensina o vice-presidente da Casa da Criança.

Uma das maiores satisfações de Gilson Morais e das demais pessoas que contribuem com a diretoria da Casa da Criança foi ver a evolução pela qual passou a comunidade. “É muito bom ver como a comunidade toda teve um desenvolvimento muito grande nestes anos todos. Acredito que a Casa da Criança contribui um pouco para isso. Também é uma satisfação ver que algumas crianças que atendemos hoje são pais e têm os seus filhos na Casa”, comenta o vice-presidente da entidade.

A Casa da Criança é um projeto que conta com o apoio da Água Mineral Santa Rita.

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